terça-feira, 24 de setembro de 2013

As Invasões Bárbaras

Em homenagem às minhas férias, que chegam, um texto ameno com as minhas opiniões pessoais sobre o turismo - que eu mesmo pretendo fazer a partir deste sábado.

Em razão do iminente ócio programado, não atualizarei o blog pelas próximas duas semanas.

Eu sei, será duro viver  sem meus textos...


A Administração






            Quero aqui abordar um problema da mais elevada importância histórica.
            Como se sabe, a historiografia atribui grande peso às contradições e fragilidades internas do Império Romano ao tentar explicar sua gradual e definitiva queda. Contudo, jamais se deixou de considerar a importância das invasões dos bárbaros germânicos ao se analisar o fenômeno. Os próprios contemporâneos narram com grande aflição a chegada das hordas do norte, e a destruição que eles deixaram atrás de si.
            Até hoje não se sabe exatamente o que provocou esse grande movimento migratório das populações teutônicas em direção ao sul. Alguns acadêmicos acreditam que o avanço dos hunos, vindos das estepes da Ásia Central, forçou os germânicos a buscar novos territórios a sudoeste. Outros acham que a pressão sobre as fronteiras de Roma existia desde muito cedo, e que a fragilidade do Império apenas tornou possíveis incursões que antes eram impedidas pelas legiões imperiais.
            Evidências historiográficas recentemente descobertas vêm, todavia, pondo em xeque a capacidade elucidativa das velhas explicações. Uma compreensão mais aprofundada das condições de vida dos invasores – bem como de suas motivações – vêm tornando possível novos insights sobre o problema.
            Os arqueólogos vêm descobrindo que as tribos teutônicas viviam – ao contrário do que se pensava – numa situação de grande prosperidade material. A exportação de cerveja e de carroças – cuja qualidade era reconhecida em todo o mundo civilizado –, sua moral de trabalho diligente e hábitos de consumo parcimoniosos possibilitaram às sociedades do norte europeu o acúmulo de excedentes econômicos. Suas cidades eram prósperas, organizadas, com excelentes escolas e sistema de transporte público invejável. O que nós hoje chamamos de bárbaros germânicos eram populações endinheiradas, educadas e – por que não admitir – ligeiramente entediadas com a previsibilidade da vida em seus reinos eximiamente administrados.
            Justo àquela época, Roma alcançava a saturação de seu expansionismo. O domínio militar e econômico que eles impuseram em todo o Mediterrâneo trazia para a capital do Império povos e riquezas dos mais afastados cantos da terra. Era uma metrópole fervilhante, com excelente pão e excelente circo. A administração corrupta da cidade, desonerada da necessidade de sustentar materialmente as expedições militares que em outros tempos haviam expandido as fronteiras, agora se dedicava à construção de monumentos deslumbrantes e à promoção de mega-eventos para as irrequietas massas de plebeus.
            Não demorou para que a fama da Cidade Eterna alcançasse os reinos do norte. As famílias mais endinheiradas começaram a ver como um sinal de status a possibilidade de fazer uma viagem internacional. Nas altas rodas, não raro se ouviam discussões sobre as maravilhas das sete colinas, sobre o Capitólio, o Mercado de Trajano...
– Próximo ano meus filhos vão numa excursão assistir aos jogos dos gladiadores no Coliseu. – era um comentário que não raro se escutava nos salões godos e visigodos.
– Ah, sim? Pois meu pequeno Odorico está indo fazer intercâmbio de um ano na Siracusa.
A cultura clássica se tornara uma predileção das industriosas mas culturalmente insípidas bestas loiras do norte. Panfletos falando sobre as maravilhas da “cidade que nunca dorme” começaram a ser distribuídos nos principais feudos. As louras e rechonchudas donzelas teutônicas adquiriram uma queda pela culinária da península itálica.
– Você já comeu no Pastas Estruscorum?
– Sim! É uma delícia! É o único restaurante da cidade com três coroas de louro no Guia Michelonius. Você já provou o tagliatellus carbonaris de lá? É divino!
As vanguardas elitistas abriram caminho para uma das mais truculentas invasões históricas jamais registradas. Em pouco tempo, as vias do Império foram tomadas de assalto por hordas de turistas ávidos por novidades.
            Os efeitos, como não poderiam deixar de ser, foram catastróficos. As ruas encheram-se de sujeira, as estalagens viviam lotadas e, pior de tudo, os preços dispararam, com efeitos sentidos no cotidiano dos habitantes locais. Uma refeição que antes custava apenas alguns denários passou a custar vários áureos. Tomar vinho tomou-se impraticável, e os estabelecimentos mais badalados – como o próprio Pastas Etruscorum – tornaram-se proibitivos mesmo para os patrícios.
            Foi nesse período, também, que se agravou a política imperial dos mega-eventos. Rios de dinheiro público foram utilizados para construir e ampliar os estádios onde aconteciam combates entre lutadores de MMA – naquela época conhecido como gladiadores. Só a reforma do Coliseu, por exemplo, deixou os cofres públicos profundamente endividados. Isso para não falar dos bandos de vândalos que – embriagados e ultra-excitados com as carnificinas – faziam arruaça pelas ruas da cidade depois dos espetáculos.
Além disso, templos e construções de inegável valor histórico foram derrubados para darem lugar a parques aquáticos – ou banhos públicos. Toda a perspicácia dos engenheiros foi revertida das obras de utilidade pública para construir enormes aquedutos para abastecer esses templos do ócio e da ostentação, onde prostitutas vindas das províncias asiáticas ofereciam técnicas secretas de massagens aos executivos dispostos a pagar algumas moedas a mais.
Também foi nessa época que a saturnália – ou carnaval – tornou-se a grande celebração da desagregação cósmica que é ainda hoje. A antiga e singela festa de agradecimento aos deuses da fertilidade foi transformada num mero pretexto para uma multidão de turistas adolescentes embriagados fazerem todo tipo de obscenidade nas vias públicas, ao som de contagiantes hits tocados por músicos da província africana.
            Os efeitos sobre os monumentos, também, foram devastadores. Acredita-se, por exemplo, que o Capitólio tenha tornado-se a ruína que é hoje por causa da multidão de turistas vândalos que todos os dias visitavam suas instalações. Sem se preocupar em preservar o patrimônio cultural e arquitetônico da cidade, eles subiam onde não deviam, entupiam os banheiros, jogavam papiros no chão e – o que talvez tenha causado mais estrago – ignoravam peremptoriamente as recomendações dos guias e arrancavam pedaços da arquitetura para levar como souvenir para casa.
            Mas não resta dúvida de que a verdadeira derrocada de Roma aconteceu por razões econômicas. Os grandes proprietários rurais, atraídos pela nova perspectiva de ganhos fáceis nas capitais, deslocaram enormes contingentes de lavradores para os recém-abertos parques temáticos e cassinos. Os escravos que antes eram responsáveis pelo cultivo da terra passaram a atuar como figurantes de legionários e centuriões, ou encenavam musicais de apelo fácil sobre a Eneida ou os poemas homéricos. Como resultado, a sociedade romana entrou numa fase de profunda carestia, e os alimentos quase desapareceram dos mercados. A entrada de grande fluxo de moeda trazida pelos germânicos endinheirados agravou ainda mais a inflação, com efeitos pesados sobre o poder aquisitivo da plebe. Foi só uma questão de tempo até eclodirem as primeiras revoltas.
            Além disso, os grandes chefes tribais do frígido Norte, encantados com o clima mais ameno do Lácio, passaram a comprar propriedades nos subúrbios de Roma e nas regiões agrícolas. Ao fazer isso, eles implantavam no Império as técnicas germânicas de produção, e substituíam o antigo escravismo pela servidão. A paisagem, antes pontilhada por agradáveis e iluminadas villas de arquitetura clássica, em pouco tempo se viu abarrotada de soturnos castelos góticos, tão ao gosto dos milionários visigodos.
            Há quem acredite que a política de isenção de vistos foi a verdadeira causa da queda do Império Romano do Ocidente – já que o o Império do Oriente, onde as políticas migratórias eram muito mais rigorosas, sobreviveu por quase outro milênio inteiro, até a tomada de Constatinopla pelos turistas turcos. Todavia, o tema ainda é objeto de debate acadêmico, e não são poucos os pesquisadores que acreditam que Bizâncio só pode sobreviver por causa dos preços das passagens nas galeras – que, ao permanecerem altos por causa do intenso comércio com a Ásia, impediu que as hordas teutônicas chegassem até aquele lado do mundo conhecido. Outros acreditam que os monumentos orientais – mais singelos e menos imponentes que os da capital – não eram muito do gosto dos turistas bárbaros, mais ávidos por uma arquitetura grandiloqüente e pretensiosa.
            Em que pesem as divergências teóricas, pouco a pouco se consolida todo um ramo de estudo sobre a relação entre a decadência de uma civilização e o aumento do turismo. Alguns historiadores mais alarmistas, por exemplo, ao entenderem melhor o mecanismo que levou à destruição de Roma, já começam a apontar o fato de o continente europeu ter se tornado um enorme museu a céu aberto – especialmente para os turistas vindos da Ásia do Leste – já pode ser interpretado como o sinal definitivo do fim da Civilização Ocidental.  Será talvez o início de uma nova idade das trevas, em que o conhecimento terá de ser preservado nas bibliotecas de mosteiros, que tentarão resistir às investidas de hordas de jovens mochileiros tirando fotos com seu smartphone das refeições que pedem no exterior e publicando no instagram.
Não será um sinal dos tempos que o primeiro volume do estudo “Declínio e Queda da Civilização Europeia”, do pesquisador cearense Eduardo Gibão, tenha estampada em sua capa a foto de uma turista brasileira sorrindo em frente à Torre Eiffel?   

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Grande Abertura



 

            Havia, na abertura da Exposição de Arte Contemporânea, obras de todo o mundo. A fina flor das artes plásticas internacionais estava representada.
            A convite dos organizadores do evento, uma comitiva de críticos de arte de diferentes backgrounds foi convidada para selecionar as obras mais significativas. Um prêmio em dinheiro seria concedido à peça que eles considerassem a mais inovadora, e por isso havia alguma expectativa dos expositores sobre os comentários que eles pudessem fazer sobre suas obras.
            Depois de passar pela exposição francesa, que continha uma única placa dizendo “isso não é uma exposição”, e pela americana – onde, ao lado de uma máquina que constantemente queimava notas de um dólar, estava acontecendo uma apresentação ao vivo das obras de John Cage para piano de brinquedo – os avaliadores chegaram à exposição brasileira – uma das mais badaladas daquele ano.
            O que imediatamente chamou a atenção de Austragésilo, o mais velho e sisudo dos cinco críticos da comitiva, foi um cheiro incrivelmente desagradável infectando o ar. Será que o esgoto havia estourado em algum lugar? Ou será que o estande tinha sido armado ao lado do banheiro masculino? Isso era um ponto negativo que deveria ter sido considerado pelos organizadores, pensou ele.
            Seus colegas pareciam não fazer caso da fedentina. Sem conseguir esconder certo entusiasmo, eles apressaram o passo em direção à obra de um dos artistas mais festejados da cena contemporânea, Adalberto Tokushuko, o famoso escultor e performer nipo-brasileiro, possivelmente a vedete daquela exposição.
            “Oh!”, “Ah!”, “Uh!”, escutou Austragésilo, que havia ficado para trás.
            – Que obra estupenda!
            – Mas que ousadia!
            Cobrindo as narinas com um lenço e se esforçando para tentar espiar por cima dos ombros de seus colegas, Austragésilo viu o que estava causando tanta comoção. Em cima de um prato de porcelana chinesa, ao lado de baixelas de prata, havia um enorme cocô.  
            – Realmente um trabalho visceral. – disse um dos críticos.
            – Aí você disse tudo! – concordou um segundo.
– Mas não se deixem levar por uma interpretação superficial. – observou, com sobriedade, o terceiro. – Esse é um trabalho que permite múltiplas leituras.
            – Tudo depende do olhar do expectador. – Assentiu o quarto.
            Austragésilo poderia até concordar que, segundo os parâmetros que regem a arte de cagar, aquele tolete realmente era uma obra-prima. A dimensão prodigiosa, os diferentes tons de marrom (segundo a nota explicativa ao lado da obra, era ao todo 50), a forma cilíndrica ajustando-se em espiral em torno de um eixo, a textura pastosa: tudo fazia o espectador duvidar que aquela bosta pudesse ter saído de dentro de um ser humano. Era realmente um cocô fenomenal. Agora, daí a dizer que aquilo era uma realização estética era um pouco demais para as predileções artísticas de Austragésilo... Seus colegas, porém, não paravam de comentar:
            – É preciso entender o que o artista quis expressar com seu trabalho. Eu percebo, aqui, uma grande inquietação existencial. O artista está se expondo, mostrando ao mundo toda a angústia que possui dentro de si.
            – Eu diria que é uma metáfora da condição humana no século XXI. Essa é uma obra difícil, arte engajada na sua melhor forma. O autor esquivou-se da tentação de apresentar uma estética palatável, de fácil digestão pela platéia.
            – Verdade. Eu diria, inclusive, que a peça exige uma co-participação do espectador. Afinal, o que é a obra de arte em si mesma? Quase nada. Só se entende sua força quando se leva em conta o impacto que ela causa no sentido de quem a vê, quem a sente.
            – Claro! E a técnica primitivista pode inclusive confundir um observador superficial. É um erro pensar que qualquer pessoa seria capaz de fazer algo assim. O talento do autor foi justamente partir de um objeto prosaico para uma experiência estética que é universal.
            – Apenas um mestre conseguiria alcançar tamanho impacto com tão elevado nível de sofisticação teórica. Chego a dizer que é até difícil ficar indiferente ao que o artista expressou.
            – É algo que nos toca intimamente. A reação inicial de repulsa é quase irracional. Mas, após o primeiro impacto, não há como não perceber a profunda singeleza da peça.
            – Mas claro! Sinceramente, não quero muito forçar as interpretações, acho isso pedante e até insuportável. Mas será que só sou eu aqui que acho que o artista quis, também, passar uma mensagem social?
            – Como não? Mesmo quando não é alegórica, a arte não se despe totalmente de simbolismos. Eu diria que há um signo subjacente, ou seja, a idéia de que todos os homens estão ligados pelo ato mesmo que permitiu ao artista criar a sua obra.
            – Sim, o homem tem algo de podre dentro de si, e o criador não teve medo de explicitar isso com a crueza de sua tônica. Mas, sinceramente, o que mais me impressionou foi o refinamento técnico... Já sabia que o Tokushuko era um mestre, mas aqui ele se mostrou gênio em seu obrar.
            – E tudo feito com cuidado de artesão. Ai, estou encantado!
            Austragésilo tinha ficado calado durante toda a conversa. Depois de mais alguns minutos de elogios, um de seus colegas percebeu seu desconforto e, talvez para provocá-lo – sabendo quão tradicionalista ele costumava ser em seus juízos – perguntou:
            – E você, Austragésilo, o que achou da obra?
            Todos se calaram e olharam para ele, com grande ansiedade. Não era segredo que Austragésilo era um representante da escola antiga, mas ainda assim, por ser um erudito da história da arte e pessoa extremamente criteriosa, ele costumava ser ouvido com atenção mesmo nas rodas descoladas.
            Ele ainda olhou por um ou dois segundos para aquilo, encarou seus quatro colegas e concluiu:
            – Eu achei que isso daqui é uma merda.
            Houve um pigarro de constrangimento. Ninguém esperava tamanha falta de tato. O segundo crítico, que era mais diplomático, interveio, tentando retomar o rumo perdido da conversa:
            – É, é uma maneira de interpretar o problema colocado pela obra. Mas, bem, vamos que ainda temos vários trabalhos para julgar. Façam suas anotações e vamos para o próximo estande.

***
No coquetel de comemoração da abertura da exposição, os quatro críticos comentaram, enquanto tomavam champanhe:
– Nossa, o Austragésilo é tão antiquado, né?
– Sinceramente, eu esperava um pouco mais dele...
– Sério, pois eu não esperava nada. Ele é um tradicionalista, um academicista enrustido.
– Ai, gente, nós estamos no século XXI. Hello!
            – Ah, e vocês vão ficar dando bola para ele?
            – Ele que pense o que quiser. Só acho um absurdo ele fazer parte do comitê avaliador.
            – Parece que ele tem amigos influentes...
            – Só pode. Bem, me disseram até que ele é católico.
            – Aff, ta explicado.


           


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Mínimas

I

Às vezes, tudo de que uma pessoa precisa é uma bazuca e um álibi.

II

O Direito surge de uma previsibilidade duradoura a respeito de quem dá a porrada e quem recebe a porrada na cabeça.

III


Os economistas seriam geniais, se não fossem tão idiotas.


IV - Evolução da Medicina

De Hipócrates aos Hipócritas.

V - Curso de Ontologia Avançada


Não apenas existe um universo, como é um parecidíssimo com o que revelam nossos sentidos.
 



terça-feira, 10 de setembro de 2013

A Era da Desinformação




            Outro dia, no Aeroporto de Brasília, um homem que caminhava lendo o jornal esbarrou por engano numa senhora idosa que tomava um cafezinho. Com o encontrão, ela derrubou a xícara e sujou o piso do aeroporto. O sujeito pediu desculpas, e procurou um funcionário da limpeza para enxugar a sujeira.
            Calhou de justo naquela hora haver um adolescente filmando um colega com seu smartphone. Por acaso, ele gravou exatamente o instante do acidente, bem como a reação do homem e da velhinha. Na mesma hora ele publicou na internet – não por achar que aquilo tivesse alguma importância, mas porque, como bom jovem de nosso século, ele não tinha nada melhor para fazer.
Era um acontecimento banal, de absoluta frivolidade, como tantos que acontecem todos os dias, em todos os cantos do mundo. Ou seja, era o material perfeito para provocar uma acirrada polêmica na rede. Como não podia deixar de ser, não tardou para que o vídeo fosse compartilhado à exaustão nos sites de relacionamento, e reações escritas começaram a aparecer nos principais canais de notícia.
Eis um breve apanhado do que se disse:


Revista VEJA: Empresário impede terrorista das FARC de seqüestrar avião.

            “Um empresário paulistano e chef de cozinha mostrou-se um inesperado herói no último fim de semana. Enquanto esperava o embarque de volta para São Paulo no aeroporto de Brasília, ele percebeu uma atitude suspeita de uma possível terrorista das FARC que aparentava levar diversas granadas dentro de sua bolsa de mão. Ao se dar conta das intenções da militante bolivariana, o empresário pôs em risco a própria vida para impedir que ela entrasse no avião.
                       
Caros Amigos: As Ligações Perigosas

            Quem é o homem da cotovelada? Não se sabe. Mas o relógio que ele usava era quadrado. Como se sabe, o queijo também pode ser quadrado, e queijo se faz com leite. O leite vem da vaca, e a vaca é a fêmea do boi. Resta claro um envolvimento da bancada ruralista no acontecido.
            Além disso, em entrevista ao Jornal Nacional, o sujeito se definiu como “apenas um matuto dum pé de serra”.
Claramente um tucano disfarçado, com ligações com José Serra, a mando do capitalismo financeiro.”
           

Pragmatismo Político: Imagem de militante gay sendo torturada por neonazista russo cai na rede.

            “Na tarde do dia 25, uma militante dos direitos dos homossexuais foi barbaramente torturada em público por um neonazista russo. Depois de ter se pronunciado a favor da união civil homoafetiva, a militante foi espancada e violentada em plena sala de embarque do Aeroporto Juscelino Kubitschek. A polícia, que assistiu a todo o ocorrido, não fez nada para impedir a violência.”

Mídia Ninja: Militantes Black Blocks que protestavam contra o Governador Sérgio Cabral apanham do BOPE no aeroporto JK. 30 policias disfarçados de anarquistas foram agredidos.

            Fotos de nossos internautas mostram o BOPE usando metralhadoras para reprimir um grupo de militantes anarquistas que protestavam contra a CPI dos transportes no Rio. A confusão começou depois que um policial disfarçado de cadeirante jogou um coquetel molotov contra o detector de metais do aeroporto. 900 pessoas foram presas e pelo menos 30 policiais disfarçados foram atingidos por tiros de bazuca de borracha.

Carta Capital: Falta de confiança na economia derruba xícara de café no Aeroporto JK.

“Segundo relatório do Banco Central publicado na manhã de hoje, o total de investimentos no setor agrícola cresceu 12% no primeiro trimestre de 2013. Como resultado, a produção de café em pó quase duplicou no período analisado.
            Apesar disso, trabalhadores e empresários vem demonstrado desconfiança com a política monetária e fiscal do governo. Como resultado, registrou-se que a economia cresceu 90% menos do que o que deveria ter crescido se o Brasil fosse a China, na avaliação dos especialistas.
            Os efeitos já começam a ser sentidos no cotidiano do cidadão. O fraco desempenho da economia fez com que uma senhora de idade derrubasse uma xícara de café no Aeroporto JK, na semana passada.
            O Ministro da Fazenda anunciou que tomaria medidas para incentivar o consumo e disse que compraria uma xícara nova.”

Blog feminista: Mulher negra sofre violência obstétrica na sala de embarque

            “E ainda dizem que não existe cultura do estupro. E depois as feministas é que são chatas.
            Depois de sofrer clitoridectomia e ter braços e pernas amputados a golpes de facão, mulher africana vítima de estupro por time de futebol americano foi impedida de receber atendimento de emergência no ambulatório do aeroporto. O pastor Marco Feliciano, que estava de plantão naquele momento, induziu o coma na vítima para impedir que ela tentasse o aborto. O plano de saúde da vítima disse que não aceitaria pagar pelo parto normal, só aceitando a cesariana.
É esse o país em que vivemos. É esse o país que não entende que o meu corpo é o único instrumento que tenho para exercer uma liberdade que historicamente foi negada. É esse o país que quer me impor uma escolha pelo fato de eu ter dentro de mim um pedaço de carne apto a gerar outro ser humano.”

Estado de São Paulo: Editorial – O Descaso das Xícaras

“Nos últimos anos, a administração da presidenta Dilma investiu menos de 20 centavos para prevenir acidentes envolvendo xícaras de café expresso. No mesmo período, os países membros da OCDE investiram o mais de 90 milhões de dólares para evitar acidentes envolvendo xícaras de chá de porcelana.
            Esse é o retrato do descaso. Enquanto a iniciativa privada tem que arcar com o peso da regulamentação estatal e de uma carga tributária abusiva, o cidadão é privado dos serviços mais elementares que se poderia esperar do setor público.”

Blog do Sakamoto: A Homofobia Nossa de Cada Dia

“O Brasil está se democratizando. A nova classe média finalmente acordou. A sociedade começa a exigir prestação de contas.
            Clichês que se repetem à exaustão nos meios de comunicação de massa. O que essas aparentes verdades escondem, na verdade, é uma visão profundamente retrógrada dos papéis sociais e uma cultura homofóbica arraigada.
            Nada o demonstra melhor do que a recente demonização de que foi vítima nas redes sociais um militante da igualdade de gênero que ousou protestar contra as declarações de uma evangélica que defendia a família tradicional no salão de embarque do Aeroporto JK. Um episódio que revela camadas nem sempre admitidas de nosso recalque histórico”

            O texto também foi publicado no Youtube, com o título “Muito bom! Vejam! Velhinha safada tentar pegar no bilau de um homem e se esborracha toda no chão! Kkkkk” O vídeo teve 600 milhões de acessos, e dentre os milhares de comentários postados, selecionamos os seguintes:

 “Ha, ha, ha! A bruaca se ferrou, muitu bom”
Jorge MK, Goiás

“ Eu achu q é isso msm, nordestino vem pra cá pra trabalhar, mas não toma banho, não passa desodorante. ECA!”
Maria Giacanelli, São Paulo

“Gay tem mais mesmo é que morrer! O ki tem na kbça desses imbecil? Um casal é um macho e uma mulher. Homem c/ com homem dá lobisomem”.
Toninho, Recife - PE

A Mídia Ninja publicou fotos do acidente tiradas pela própria velhinha. O Fora do Eixo fez um festival em homenagem às vítimas da tragédia e não pagou aos artistas. O Conselho Federal de Medicina disse que não atenderia vítimas de erros médicos cometidos pelos médicos cubanos. O video também circulou no Facebook, associado a uma série de correntes e mensagens:

“- Gente, essa velhinha tem câncer no cérebro e não tem dinheiro para pagar a cirurgia. O Facebook disse que, se essa postagem tiver 2 milhões de compartilhamentos, eles vão pagar a operação. Vamos ajudar, gente!”

“Uma vez perguntaram a um sábio chinês: O que você faria se quebrasse uma xícara?
 Ele respondeu: Eu pegaria outra no armário. (Ditado milenar chinês)”

“Jesus te Ama! Boa segunda-feira! Feliz! Feliz! ‘E no reino de Deus, nenhuma xícara derrubada se espatifará” (Atos, 12, 22-23)”

“O universo é como uma xícara: ele tem uma alça, e mais cedo ou mais tarde alguém a espatifará (Albert Einstein, psicólogo austríaco).”

“No passado éramos refém das grandes empresas de informação, que deturpavam os fatos segundo seus interesses obscuros. A internet nos libertou disso, e hoje vivemos num mundo em que qualquer adolescente imbecil tem igualmente o direito de deturpar a informação.”  (Martin Luther King, rei da África do Sul).

No mínimo 50 adolescentes morreram tentando reencenar o vídeo na sacada de seus apartamentos.